2022 Revista – vol. 24, n. 1

EDITORIAL

Caros leitores da Revista Hipertensão e membros da SBH

A Revista Hipertensão da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) é publicada trimestralmente com o intuito de trazer novas informações relevantes relacionadas à hipertensão arterial, a comorbidades e a doenças cardiovasculares. Esta edição, em especial, está diferente das demais. Como a revista está passando por nova forma de editoração, a atual edição está sendo apresentada na forma de artigos em pdf que irão compor a revista e, quando finalizados todos os artigos, a revista será apresentada no seu todo.

Nesta edição, o foco foi apresentar diferentes diretrizes na abordagem da hipertensão: europeia, brasileira, americana, da internacional de hipertensão e o guia para tratamento farmacológico da hipertensão da Organização Mundial de Saúde. As diretrizes serão apresentadas de forma resumida para facilitar a interpretação e a prática pelo leitor. Para tal, foram escolhidos diferentes profissionais com grande experiência na abordagem do paciente hipertenso. Podemos ressaltar alguns tópicos de grande interesse que foram abordados. Dentre eles, merece destaque a nova classificação de hipertensão da Diretriz Americana, que considera pressão arterial maior ou igual a 130/80 mmHg como hipertensão. Nessa diretriz, pacientes com valores de pressão entre 130-139/80-89 mmHg são considerados portadores de hipertensão no estágio 1 e aqueles com pressão arterial maior ou igual a 140/90 mmHg são considerados portadores de hipertensão no estágio 2, enquanto em outras diretrizes, como a brasileira, a pressão arterial entre 140-159/90-99 mmHg classifica o paciente como portador de hipertensão no estágio 1. Como o leitor poderá observar, existem pequenas diferenças em relação ao diagnóstico e à abordagem terapêutica para algumas situações clínicas como a hipertensão na grávida, hipertensão no idoso frágil e outras situações.

Nos próximos fascículos, nossa revista vai abordar tópicos relevantes e que com frequência geram dúvidas na prática clínica, como a abordagem da hipertensão no paciente portador de doença renal crônica; a abordagem do hipertenso com suspeita de hiperaldosteronismo primário; o hipertenso idoso frágil, e novas perspectivas na terapêutica não farmacológica e farmacológica da hipertensão arterial. A apresentação das diferentes diretrizes nesta edição da revista foi uma forma de trazer de forma resumida para o leitor as diferenças observadas entre uma diretriz e outra e chamar a atenção para tópicos de grande relevância que serão abordados nos próximos fascículos. Uma boa leitura para todos!

Heno Ferreira Lopes
Editor da Hipertensão

ARTIGO 1

Comentários sobre a diretriz para a prevenção, detecção, avaliação e manuseio da hipertensão arterial em adultos da American College of Cardiology/American Heart Association

Comments on the guideline for the prevention, detection, assessment and management of hypertension in adults American College of Cardiology / American Heart Association

Rogerio Baumgratz de Paula, Frida Liane Plavnik

Resumo

Em 2014, o American College of Cardiology e a American Heart Association, emparceria com várias sociedades profissionais, iniciaram uma diretriz sobre a prevenção, detecção, avaliação e tratamento da hipertensão arterial (HA) em adultos. Essas orientações, baseadas em métodos sistemáticos para avaliar e classificar evidências, fornecem uma pedra angular para cuidados cardiovasculares de qualidade. Os autores enfatizam que “A diretriz destina-se a definir práticas que atendam às necessidades dos pacientes, na maioria, mas não em todas as circunstâncias, e não deve substituir o julgamento clínico”. Reforçam que a eficácia só é possível quando seguida por ambos: profissionais da saúde e pacientes. A adesão às recomendações deve ser reforçada pelo compartilhamento de decisões entre médicos e pacientes, com base em valores individuais, preferências e condições associadas e comorbidades. Na presente publicação, é nosso objetivo discutir os aspectos mais relevantes da diretriz, restringindo-nos, em particular, à nova classificação proposta para o diagnóstico e tratamento da HA, classificação essa que difere da maioria das diretrizes mundiais, ao reduzir os pontos de corte para diagnóstico de HA e suas consequências para a abordagem terapêutica. Para os demais capítulos, recomendamos a consulta ao texto completo.

Palavras-chave: diretriz, hipertensão arterial, classificação, diagnóstico, tratamento.

Abstract

In 2014, the American College of Cardiology and the American Heart Association, in partnership with several professional societies, initiated a guideline on the prevention, detection, assessment, and treatment of high blood pressure (AH) in adults. The guideline, based on systematic methods for evaluating and ranking evidence, provides a cornerstone for quality cardiovascular care. The authors emphasize that “The Guideline is intended to define practices that meet the needs of patients in most, but not all, circumstances and should not be a substitute for clinical judgment” and reinforce that its effectiveness is only possible when followed by both parties: health professionals and patients. Adherence to recommendations must be reinforced by sharing decisions between physicians and patients, based on individual values, preferences and associated conditions, and comorbidities. In the present publication, our objective is to discuss the Guidelines most relevant aspects, in particular the classification proposed for the diagnosis and treatment of AH, a classification that differs from most of the world guidelines, by reducing the cut-off points for the diagnosis ofAHand its consequences for the therapeutic approach. For the other chapters, we recommend consulting the Guidelines full text.

Keywords: guideline, arterial hypertension, classification, diagnosis, treatment.

ARTIGO 2

Diretrizes brasileiras de hipertensão – 2020: consulta rápida

Brazilian hypertension guidelines 2020 – quick reference

Cibele Isaac Saad Rodrigues

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar, de forma resumida, os principais aspectos relacionados à diretriz brasileira de hipertensão arterial 2020 (DBHA) e ressaltar diferenças em relação a outras diretrizes de hipertensão de diferentes países e instituições. A diretriz americana, no momento, é a que mais difere das demais conceitualmente. De acordo com a DBHA, consideram-se hipertensos os pacientes com pressão arterial sistólica (PAS)  140 e/ou pressão arterial diastólica (PAD)  90 mmHg. Enquanto a diretriz americana classifica como hipertensão uma PAS  130 ou uma PAD  80 mmHg. A DBHA, semelhante à diretriz europeia, classifica a hipertensão em três estágios e as diretrizes americanas e internacional classificam a hipertensão em apenas dois estágios. Em relação à classificação da pressão arterial (PA) baseada na medida da pressão fora de consultório, a DBHA difere em relação a outras diretrizes pelo fato de considerar como valor anormal para a PA medida na residência uma PAS  130 e/ou uma PAD  80 mmHg. A meta de PA para pacientes de baixo e moderado risco cardiovascular, de acordo com a DBHA, é < 140/90 mmHg, enquanto o alvo para pacientes com doença arterial coronária, com insuficiência cardíaca, acidente vascular prévio, doença renal crônica e diabetes é < 130/80 mmHg. O tratamento medicamentoso, preconizado na DBHA, assim como a maioria das outras diretrizes, deve considerar como monoterapia, ou em combinação, os diuréticos tiazídicos ou similares, inibidores da enzima de conversão, bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II, bloqueadores dos canais lentos de cálcio e betabloqueadores (indicações específicas). O tratamento não medicamentoso deve sempre ser preconizado, independentemente do estágio da hipertensão.

Palavras-chave: hipertensão, guia de prática clínica, fatores de risco, estilo de vida, tratamento farmacológico.

Abstract

This article aims to summarize the main aspects related to the Brazilian Hypertension Guidelines 2020 (BHG) and highlight differences in relation to other hypertension guidelines from different countries and institutions. In this sense, the American guideline, at this moment, is the one that most differs from the others. According to the BGH, patients with systolic blood pressure (SBP)  140 and/or diastolic blood pressure (DBP)  90 mmHg are considered hypertensive. While the American guideline classifies as hypertension a SBP  130 or a DBP  80 mmHg, the BGH, similar to the European guideline, classifies hypertension into three stages and the American and international guidelines classify hypertension into only two stages. Regarding the classification of blood pressure based on home blood pressure monitoring (HBPM), the BGH differs from other guidelines because it considers a SBP  130 and/or a DBP  80 mmHg as an abnormal value for HBPM. The blood pressure target for patients with low and moderate cardiovascular risk, according to the BGH is < 140/90 mmHg, while the target for patients with coronary artery disease, heart failure, previous stroke, chronic kidney disease and diabetes is < 130/80 mmHg. Drug treatment, recommended in the BGH, as in most other guidelines, should consider as monotherapy or in combination, thiazide diuretics or similar, angiotensinconverting enzyme inhibitors, angiotensin II receptor blockers, calcium channel blockers and beta blockers (specific indications). Non-drug treatment should always be recommended, regardless of the stage of hypertension.

Keywords: hypertension, practice guidelines, risk factors, drug therapy, life style.

ARTIGO 3

Resumo das diretrizes das Sociedades Europeias de Cardiologia e Hipertensão: a força-tarefa para a gestão da hipertensão arterial da Sociedade Europeia de Cardiologia e da Sociedade Europeia de Hipertensão

Summary of “2018 ESC/ESH guidelines for the management of arterial hypertension: The task force for the management of arterial hypertension of the European Society of Cardiology and the European Society of Hypertension”

Luis Cuadrado Martin

Resumo

As diretrizes para o manejo da HA de 2018 da European Society of Cardiology/European Society of Hypertension são sumarizadas neste artigo, que pretende unicamente transcrever as recomendações contidas de maneira a facilitar sua difusão. Essas diretrizes definem hipertensão como o limiar terapêutico de ≥ 140/90 mmHg para todos os pacientes, exceto os de idade superior a 80 anos e virgens de tratamento, nos quais o limiar da pressão arterial sistólica é de ≥ 160 mmHg. As metas são de < 140 x 90 mmHg, porém após atingidas essas metas, de maneira geral, deve-se tentar reduzir para < 130/80 mmHg quando bem tolerado. Quanto à terapêutica medicamentosa inicial, com o objetivo de simplificar o tratamento com aumento de adesão, menor inércia terapêutica e tempo menor até atingir a meta, recomenda-se iniciar com associação de drogas em um único comprimido de dose única diária. Esse comprimido deve conter um inibidor da enzima conversora ou bloqueador do receptor da angiotensina, associado a um diurético ou bloqueador de canais de cálcio.

Palavras-chave: hipertensão arterial, diagnóstico, tratamento.

Abstract

The 2018 guidelines for the management of arterial hypertension of the European Society of Cardiology/ European Society of Hypertension are summarized in this paper, which the aim is to transcribe the recommendations in order to facilitate its dissemination. These guidelines define hypertension as the therapeutic threshold of ≥ 140/90 mmHg for almost all patients, except those over 80 years of age and treatment-naive, in whom the systolic blood pressure threshold is ≥ 160 mmHg. Targets are < 140 x 90 mmHg, but once these targets have been achieved, a general attempt should be made to reduce to < 130/80 mmHg when well tolerated. As for the initial drug therapy, with the aim of simplifying the treatment to increase the adherence, reduce the therapeutic inertia and decrease time to reach the goal, it recommends starting with a combination of drugs in a single pill of a single daily dose. This tablet must contain an angiotensin-converting enzyme inhibitor or angiotensin receptor blocker, combined with a diuretic or calcium channel blocker.

Keywords: arterial hypertension, diagnosis, treatment.

ARTIGO 4

Diretrizes globais para prática da hipertensão da Sociedade Internacional de Hipertensão 2020

Global guidelines for hypertension practice from the International Society of Hypertension 2020

Frida Liane Plavnik

Resumo

As diretrizes da ISH apresentam como diferencial às demais diretrizes internacionais e nacional, a diferenciação entre medidas essenciais e ideais, para permitir uma abordagem mínima da população. O objetivo desta diretriz é que as recomendações possam ser aplicadas globalmente, além de serem adequadas para uso em locais com diferentes níveis de recursos e ser ao mesmo tempo concisa, simplificada e de fácil utilização. Mantém a definição de hipertensão arterial como níveis pressóricos 140 mmHg e/ou 90 mmHg, e simplifica o estadiamento da hipertensão arterial em dois estágios (estágio 1: 140-159 mmHg/90-99 mmHg e estágio 2 160/100 mmHg), à semelhança de outras diretrizes internacionais, indicando que se confirmada o tratamento farmacológico pode ser iniciado. Em relação à meta de pressão arterial as diretrizes da ISH consideram essencial redução de pelo menos 20/10 mmHg, idealmente abaixo de 140/90 mmHg, mas a meta ideal nos pacientes com < 65 anos é < 130/80 mmHg, enquanto naqueles com 65 anos é de < 140/90 mmHg. O tratamento farmacológico ideal baseia-se no uso de combinações de doses fixas de dois agentes, mas entende que o essencial deve ser o uso dos medicamentos disponíveis, em combinações livres, de modo a se atingir a meta o mais precocemente possível, isto é, em 3 meses de sua instituição. Esse conceito de essencial e ideal permite que diferentes regiões sigam as recomendações, sem haver prejuízo aos pacientes, considerando-se a disponibilidade das ferramentas de avaliação e instituição dos tratamentos para redução do impacto da hipertensão arterial na morbimortalidade cardiovascular. Esse texto é totalmente baseado nas diretrizes da ISH, conforme citação prévia.

Palavras-chave: diretriz, hipertensão arterial, diagnóstico, avaliação do paciente, metas pressóricas, tratamento.

Abstract

Current ISH guidelines has a differential to other international and national guidelines, the differentiation between essential and optimal measures, to allow a minimum approach of the population. The purpose of this guideline is be applied globally, and suitable for use in locations with different levels of resources and be both concise, simplified and user-friendly. It maintains the definition of hypertension as blood pressure levels 140 mmHg and/or 90 mmHg, and simplifies the staging of arterial hypertension in two stages (stage 1: 140-159 mmHg/90-99 mmHg and stage 2 160/100 mmHg), similar to other international guidelines, indicating that if confirmed pharmacological treatment can be initiated. Regarding the blood pressure target, the ISH guidelines consider a reduction of at least 20/10 mmHg, ideally below 140/90 mmHg, but the ideal goal in patients aged < 65 years is < 130/80 mmHg, while in those aged 65 years is < 140/90 mmHg. Optimal drug treatment is based on the use of fixed-doses combination, but understands that the essential should be the use of available drugs, in free combinations, in order to reach the goal as early as possible, that is, in 3 months of their institution. This concept of essential and ideal allows different regions to follow the recommendations, without harm to patients, considering the availability of evaluation tools and institution of treatments to reduce the impact of hypertension on cardiovascular morbidity and mortality. This text is fully based on the ISH guidelines, as previously cited.

Keywords: guidelines, high blood pressure, diagnosis, evaluation, blood pressure targets and treatment.

ARTIGO 5

Guia para tratamento farmacológico da hipertensão em adultos da Organização Mundial de Saúde – 2021

Guide for pharmacological treatment of hypertension in adults from the World Health Organization – 2021

Luiz Aparecido Bortolotto

Resumo

O guia de tratamento farmacológico de hipertensão arterial da Organização Mundial de Saúde lançado em 2021 trouxe atualizações sobre as recomendações de tratamento anti-hipertensivo para serem aplicadas em todo o mundo, sobretudo em países com menos recursos, visando à redução do impacto global da doença. Os principais destaques do guia foram: 1) o início da terapia para valores < 140/90 mmHg para todos ou para valores de pressão arterial sistólica entre 130-139 para aqueles com doença cardiovascular presente; 2) a estratificação de risco cardiovascular com equações factíveispara todos os pacientes; 3) a escolha da terapia inicial entre as três principais classes terapêuticas (diuréticos tiazídicos, bloqueadores de canais de cálcio, inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona); 4) uso da terapia combinada mais precocemente, sobretudo em combinação fixa em único comprimido, para facilitar a adesão e persistência ao tratamento; 5) meta pressórica < 140/90 mmHg para todos hipertensos e pressão sistólica < 130 mmHg para os pacientes com doença cardiovascular; 6) intervalo de consultas mensais até atingir a meta e, de 3 a 6 meses quando a pressão estiver controlada; 7) papel da equipe multiprofissional no manejo farmacológico do paciente hipertenso.

Palavras-chave: hipertensão arterial, tratamento farmacológico, combinação fixa, risco cardiovascular, equipe multiprofissional.

Abstract

The pharmacological hypertension treatment guide of World Health Organization released in 2021 has brought updates on antihypertensive treatment recommendations to be applied worldwide, especially in low-income countries, to reduce the impact of the disease worldwide. The main highlights of the guide were: 1) the initiation of therapy for values < 140/90 mmHg for all or for systolic blood pressure values between 130-139 mmHg for those with cardiovascular disease; 2) cardiovascular risk stratification for all patients with feasible equations; 3) the choice of initial therapy among the three main therapeutic classes (thiazide diuretics, calcium channel blockers, renin-angiotensin-aldosterone system inhibitors); 4) use of combination therapy earlier, especially in a single-pill fixed combination, to facilitate adherence and persistence of the treatment; 5) blood pressure < 140/90 mmHg for all hypertensive patients and systolic blood pressure < 130 mmHg for patients with cardiovascular disease; 6) monthly interval between consultations until reaching the goal, and from 3 to 6 months when controlled blood pressure; 7) role of the multidisciplinary team in the pharmacological management of the patient.

Keywords: arterial hypertension, pharmacological treatment, fixed combination, cardiovascular risk, multiprofessional team.

ARTIGO 6

Abordagem nutricional na hipertensão arterial: recomendações das diretrizes Brasileira (DBHA), Americana (AHA), Internacional (ISH) e Europeia (ESC)

Nutritional approaches in hypertension: recommendations from Brazilian (DBHA), American (AHA), International (ISH) and European (ESC) guidelines

Lis Proença Vieira, Marcia Maria Godoy Gowdak, Marcia Regina Simas Torres Klein

Resumo

Umestilo de vida saudável pode prevenir ou retardar o início da hipertensão arterial sistêmica (HAS). O objetivo deste artigo é apresentar as recomendações dietéticas de acordo com as diretrizes para a prevenção e tratamento da HAS. As principais modificações dietéticas referem-se à adoção de um padrão alimentar saudável, rico em frutas, hortaliças, cereais integrais e laticínios magros, tais como a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) e Mediterrânea. A ingestão adequada de potássio (4500 mg/dia) está inversamente relacionada à elevação da pressão arterial, ao passo que quantidades mais baixas de sódio (até 2 g/dia) podem prevenir a HAS, reduzir os níveis de pressão em hipertensos, bem como contribuir para a redução de anti-hipertensivos. O consumo excessivo de álcool (acima de 3 drinques/dia) favorece o aumento da pressão arterial, de modo que aqueles que fazem uso devem reduzir sua ingestão. Com relação ao peso, há uma relação direta entre aumento de peso e a elevação da pressão arterial. Recomenda-se a manutenção de peso corporal adequado para prevenção e tratamento da HAS e sua redução naqueles acima do peso, por meio da combinação entre diminuição da ingestão calórica, aumento da atividade física e suporte multidisciplinar. O impacto sobre a pressão arterial de outros alimentos e nutrientes (ex.: alho, café, cacau, suco de romã, suco de beterraba e vitamina D) tem sido estudado, mas ainda há necessidade de evidências mais robustas.

Palavras-chave: hipertensão, modificação de comportamento, dieta DASH, sódio na dieta, perda de peso.

Abstract

A healthy lifestyle can prevent or delay the onset of systemic arterial hypertension (SAH). The purpose of this article is to present dietary recommendations according to guidelines for the prevention and treatment of SAH. The main dietary changes refer to the adoption of a healthy eating pattern, rich in fruits, vegetables, whole grains and low-fat dairy products, such as the DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) and Mediterranean diet. Adequate potassium intake (4500 mg/day) is inversely related to blood pressure elevation, while lower amounts of sodium (up to 2 g/day) can prevent SAH, reduce blood pressure levels in hypertensive patients, as well as contribute to the reduction of antihypertensive drugs. Excessive alcohol intake (above 3 drinks/day) increases blood pressure, so those who use alcohol should reduce their intake. Regarding body weight, there is a direct relationship between weight gain and blood pressure elevation. Maintenance of adequate body weight is recommended for primary prevention and treatment of SAH and its reduction in those who are overweight, through a combination of decreased caloric intake, increased physical activity and multidisciplinary support. The impact on blood pressure of other foods and nutrients (eg. garlic, coffee, cocoa, pomegranate juice, beetroot juice and vitamin D) has been studied, but more robust evidence is still needed.

Keywords: hypertension, behavior modification, dash diet, sodium, dietary, weight loss.

ARTIGO 7

Recomendações de exercício físico na hipertensão arterial: convergências entre as diretrizes Brasileira (DBHA), Americana (AHA), Internacional (ISH) e Europeia (ESC) de Hipertensão

Exercise Guidelines for hypertension: convergences between Brazilian, American, International and European guidelines of hypertension.

Sandra L Amaral, Leandro de Campos Brito, Claudia ML Forjaz

Resumo

O objetivo deste trabalho foi analisar detalhadamente as convergências encontradas sobre as recomendações de exercício físico na hipertensão arterial entre as diretrizes brasileira, americana, internacional e europeia. Foi possível observar que todas as diretrizes de tratamento da hipertensão arterial destacam o nível insuficiente de atividade física como um importante fator de risco para desenvolvimento da hipertensão arterial e somente a brasileira considera também o comportamento sedentário como fator relevante. As 4 sociedades consideram a importância de se praticar o exercício aeróbico regularmente, por pelo menos 150 min por semana. O exercício resistido dinâmico aparece como atividade complementar ao aeróbico em todas as diretrizes, mas na europeia e internacional ele é somente citado e não aparece no quadro de recomendações. Pode-se concluir que as recomendações de prática de exercício apresentadas nas quatro diretrizes são convergentes em diversos pontos com a diretriz brasileira, fornecendo mais detalhamento para a prescrição.

Palavras-chave: pressão arterial; tratamento não farmacológico; atividade física; exercício aeróbico; exercício resistido.

Abstract

The objective of this study was to analyze in detail the convergences found on the recommendations of physical exercise in hypertension among the Brazilian, American, International and European guidelines. It could be observed that all the guidelines for the treatment of hypertension highlight the insufficient level of physical activity as an important risk factor for the development of hypertension and only the Brazilian guidelines considers sedentary behavior as a relevant factor. The 4 societies consider the importance of performing aerobic exercise regularly, for at least 150 min per week. Dynamic resistance exercise appears as a complementary activity to aerobic in all guidelines, but in the European and international guidelines it is only mentioned and does not appear in the recommendations. It can be concluded that the exercise practice recommendations presented in the four guidelines converge in several points with the Brazilian guideline, providing more detail for the prescription.

Keywords: arterial pressure; non-pharmacological treatment; physical activity; aerobic exercise; resistance exercise.

ARTIGO 8

Abordagem dos cuidados de enfermagem na hipertensão arterial: recomendações das diretriz Brasileira (DBHA), Americana (AHA), Internacional (ISH) e Europeia (ESC)

Approach to nursing care in arterial hypertension: recommendations from the Brazilian (DBHA), American (AHA), International (ISH) and European (ESC) Guidelines

Maria Aparecida Batistão Gonçalves, Amanda Silva de Macêdo Bezerra, Grazia Maria Guerra3

Resumo

A hipertensão arterial sistêmica é condição clínica multifatorial considerada um problema de saúde pública mundial; portanto, para o manejo adequado da doença, a cada quatro anos são revisadas as metas e revistos os valores adotados para determinar o seu diagnóstico. Este artigo tem por objetivo a revisão das principais diretrizes quanto aos cuidados da equipe multiprofissional, em especial em relação às ações de enfermagem. Ao analisar as diretrizes internacionais e a Diretriz Brasileira de Hipertensão, verificou-se que os cuidados de enfermagem no manejo da doença e no seu controle estão centrados principalmente na realização da medição da pressão arterial com técnica adequada, na orientação e direcionamento na mudança do estilo de vida e em promover a educação em saúde.

Palavras-chave: hipertensão arterial; cuidados de enfermagem; educação em saúde e medição da pressão arterial.

Abstract

The arterial hypertension is a multifactorial clinical condition and a worldwide health problem, so, for the proper management of the disease, as the goals and values adopted to determine its diagnosis are reviewed. This article aims to review the main guidelines regarding the care of the multiprofessional team, especially in relation to nursing actions. When analyzing International Guidelines and National Guidelines on Hypertension, it was found that nursing care and management of the disease was based mainly on blood pressure measurement with appropriate technique, guidance and direction in lifestyle change and in promoting health education.

Keywords: arterial hypertension; nursing care; health education and blood pressure measurement.