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Tratamento da hipertensão: como fazer para aderir?

Autora: Profa. Dra. Luciana Ferreira Angelo (Departamento de Psicologia da SBH)

Um bom desafio para a medicina comportamental é incentivar os hipertensos a aderirem às orientações médicas. O tema tem mobilizado a Organização Mundial da Saúde e a área da Cardiologia com boas produções científicas na última década.

A ideia de “controle” da doença inclui aspectos relacionados à rotina, aos prazeres, ao lazer; dando a impressão que muitos de nós encontraremos no(a) médico(a) o(a) detentor(a) do nosso painel de controle. Mas que poder efetivamente damos aos médicos? Será que nos perguntamos se eles desejam esse lugar? Alguém que coloca uma pulseira de monitoramento ou que vive ligado ao prontuário médico monitorado via aplicativo de celular? Afinal, os profissionais da medicina passariam a viver a vida dos outros e não mais as deles…

Que tal pensarmos em gerenciamento, ação: o hipertenso faz um “contrato” com o(a) médico(a), que o auxiliará a tratar da hipertensão. Mas, qual a diferença entre controlar e gerenciar? No controle, alguém detém o saber e alguém assume a ignorância, porém na gestão do tratamento, tanto o profissional da medicina quanto o indivíduo a ser cuidado têm seus conhecimentos reconhecidos e negociam as formas de proceder e conquistar um resultado efetivo, fortalecendo o vínculo e a relação de adesão e aderência, que passam a ser construídos por todos.

Por isso, associar obediência à adesão não me parece adequado, já que a proposta não é infantilizar ninguém, negando os conhecimentos prévios que o hipertenso tem de si, do seu corpo, de seus sintomas e de suas emoções. Associo o convite à adesão feito pelo(a) médico(a) para que o hipertenso possa se tratar. Neste momento, o mais importante é a troca de saberes: a medicina explicando e orientando sobre a doença e suas formas de tratamento e o hipertenso contando sobre suas intercorrências e compartilhando com o(a) médico(a), familiares e amigos as ações transformadoras para melhoria e bem-estar.

Posteriormente, a aderência ou adesão persistente é a mudança que se estabelece no comportamento do hipertenso e de sua família, integrando não somente a aceitação do tratamento medicamentoso, mas novas rotinas de vida, como exercitar-se, trabalhar com consciência emocional, preservar atividades de lazer, promover contatos sociais proveitosos, cuidar da espiritualidade, entre outros.

Fica a dica: avaliar e aprimorar as ações da vida todas as vezes que for necessário para que a mesma possa ser vivida em sua plenitude e com qualidade. Experimente!!!