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Você é vigilante ao tratamento da pressão alta? Conheça o conceito de adesão ao tratamento.

Autores: Departamento de Enfermagem da SBH (Enfermeira Cecilia Benevenuto Rezende, Enfermeiro Jefferson Carlos de Oliveira e Profa. Dra Grazia Guerra)

Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2002) apontam que no Brasil a prevalência da pressão alta (também conhecida como hipertensão arterial) varia entre 22 e 44% em adultos, é de 50% em indivíduos entre 60 a 69 anos, aumentando para 75% naqueles com mais de 70 anos de idade. A hipertensão traz como principais consequências alterações em órgãos, como o coração, o cérebro, os rins e os vasos sanguíneos. Assim, essa doença é responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. Daí a importância e preocupação com tratamento e controle da hipertensão (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010).

Ser vigilante ao tratamento da HAS não significa apenas tomar os medicamentos prescritos, nem tão pouco que a responsabilidade para o sucesso do tratamento seja somente do paciente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) determina que para a efetividade do tratamento (também chamada de adesão ao tratamento), cinco fatores devem ser considerados.

Fatores:

  1. Socioeconômicos: Podem estar relacionados à falta de acesso à medicação;
  2. Relacionados ao paciente: perda do entusiasmo com o tratamento;
  3. Relacionados à doença: seguir a prescrição médica pode implicar em aceitar mudanças na rotina do dia a dia;
  4. Relacionados ao tratamento: sintomas indesejados trazidos pela medicação;
  5. Sistema e equipe de saúde: tornar cada vez mais individualizado o atendimento ao paciente.

Diante dos fatores apresentados, é possível perceber como é difícil conseguir o controle desta doença. No entanto, na tentativa de fornecer um melhor acompanhamento e aumentar a prevenção da hipertensão, o Ministério da Saúde, em 2002, lançou aqui no Brasil, um programa que visa reduzir o número de pacientes com hipertensão e suas conseqüências, chamado de HIPERDIA (e-SUS AB) (BRASIL, 2002). Através desse programa, os pacientes portadores de hipertensão são cadastrados num programa do Sistema Único de Saúde (SUS), que permite que as autoridades responsáveis tenham conhecimento de quem são os portadores de hipertensão, permitindo gerar informações para a distribuição de medicamentos (BRASIL, 2002).

Um estudo em Campinas (São Paulo) mostrou que de 3.024 pacientes cadastrados no HIPERDIA, 739 abandonaram o tratamento da hipertensão, em sua grande maioria, pela falta de informação. Por isso, é importante esclarecer todas as dúvidas com a equipe de saúde, entender quais os riscos e benefícios do tratamento para a hipertensão, saber como esse tratamento pode afetar os hábitos diários e como unir a prescrição farmacológica com a não farmacológica (SANTOS, et al 2009). Lembrando que as medidas não farmacológicas incluem a diminuição da ingesta de sal, a adoção da prática regular de atividade física e a procura por boas escolhas alimentares, que tenham como foco a perda de peso.

Dessa forma, é importante o trabalho em equipe (profissionais da saúde e paciente) para o sucesso do tratamento. A motivação suficiente para vencer o desafio e adotar novas atitudes pode aumentar o número de pessoas com adesão ao tratamento. As escolhas de hábitos de vida mais saudáveis e a mudança de comportamento podem ser facilitadores no combate às complicações da pressão alta, favorecendo seu controle e garantindo mais qualidade de vida.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Hiperdia, 2002. Disponível em: <http://www.portalsaúde.org> [Acesso 20 maio 2016].

BRASIL, Sociedade Brasileira de Cardiologia, IV Diretrizes Brasileira de Hipertensão Arterial, 2010.

SANTOS AJM, ROSA C, OLIVEIRA EL, ALMEIDA JR, SCHEIDER RM, Rocha SSL, COUTINHO RMC. A não adesão de pacientes hipertensos ao tratamento em Unidade Básica de Saúde (UBS). RevInstCiênc Saúde. 2009;27(4):330-7.

TAVEIRA LF, PIERIN AMG. O nível socioeconômico pode influenciar as características de um grupo de hipertensos? RevLatinoamEnferm. 2007 [acesso 22 maio 2016];15(5):929-35. Disponível em: <http://www.scielo.com>