Dia 22 de maio é o Dia Mundial de Conscientização da Pré-eclâmpsia

21 de maio de 2020 às 19:59

As doenças hipertensivas na gravidez (em especial a pré eclampsia) têm impacto significativo na mortalidade maternal e perinatal. Mundialmente, estima-se que ocorram quase 80 mil mortes fetais e 500 mil mortes maternas anualmente, decorrente dessas condições, que contribuem também na mortalidade neonatal, pelos altos índices de prematuridade envolvidos na resolução dos casos.  

No Brasil, estima-se que a pré-eclampsia acometa cerca de 1,5% das gestantes1. A depender da localização geográfica em nosso país, a prevalência e taxa de mortalidade estimadas varia amplamente, sendo a prevalência de 0,2% e mortalidade materna de 0,8% nas regiões mais desenvolvidas, e de até 8,1% de prevalência e 22% de mortalidade materna nas regiões menos desenvolvidas2. O risco de desenvolvimento da pré eclâmpsia é de 2 a 3 vezes maior em pacientes portadoras de hipertensão arterial, diabetes e doenças renais pré-gestacionais, e também aumentado em gestações múltiplas, idade maternal avançada, e obesidade.

Assim, ao celebrar esta data, dentro do mês de maio, onde se comemora o Mes Mundial da Hipertensão, a Sociedade Brasileira de Hipertensão em conjunto com outras sociedades médicas quer ressaltar a importância da identificação dos sinais e sintomas, e conscientizar as gestantes sobre a importância da aferição adequada da pressão arterial e da identificação dos outros sinais clínicos que podem auxiliar na identificação precoce das doenças hipertensivas da gestação que podem gerar complicações para elas próprias e também para os filhos.

Os sintomas/sinais precoces da pré-eclampsia ocorrem, em geral, após a 20ª semana da gestação e podem persistir até seis semanas após o parto, e justificam um contato com os médicos que fazem acompanhamento das gestantes para uma melhor avaliação. Estes incluem a elevação da pressão arterial (em geral ≥ 140/90 mmHg) , dor de cabeça, alterações visuais (tais como visão turva, manchas oculares, ou perda visual), inchaço, ganho de peso súbito em um curto período de tempo, dificuldade para respirar, dor na região superior do abdômen, espuma na urina, entre outros. A estimativa de risco no pré natal, seja por dados epidemiológicos, de exame físico ou exames laboratoriais permite atenção  maior à população de risco, detecção precoce dos casos mais graves, com melhor desfecho materno e perinatal.

Nesse momento, em que a pandemia COVID-19 tem limitado ações populacionais, cabe às sociedades médicas e multiprofissionais chamar a atenção para as condições que têm um grande impacto na saúde desta população em especial, e reforçar as orientações para manutenção de um estilo de vida saudável,  dieta adequada, evitar o tabagismo e fazer medidas domiciliares da pressão arterial desde que possível, além de manter um controle rigoroso de pré-natal visando o bem estar da gestante e do feto.

Referências

  1. Abalos E, Cuesta C, Grosso AL, Chou D, Say L. Global and regional estimates of preeclampsia and eclampsia: a systematic review. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 2013;170(01):1–7 Review.
  2. Giordano JC, Parpinelli MA, Cecatti JG, et al. The burden of eclampsia: results from a multicenter study on surveillance of severe maternal morbidity in Brazil. PLoS One 2014;9(05):e97401