Novas regras de rotulagem de alimentos no Brasil – o que mudou?

4 de dezembro de 2020 às 18:24

O novo padrão de rotulagem de alimentos tem como grande novidade o destaque para a quantidade de três nutrientes que devem ser controlados pelo bem da nossa saúde: o açúcar, a gordura saturada e o sódio. Se houver presença excessiva desses nutrientes, isso será demonstrado através de uma lupa na parte da frente do rótulo, em preto e branco, para sinalizar atenção. O tamanho da letra e o tipo de fonte para exibição da tabela nutricional também foram padronizados, o que deve facilitar a leitura pelo consumidor. 

A introdução dos selos de alerta na parte da frente das embalagens é um avanço, mas não é suficiente para garantir a qualidade dos produtos ou mesmo para permitir a avaliação completa de cada um. Isso não acontece apenas no Brasil, é uma realidade de outros sistemas de alerta em embalagens de alimentos pelo mundo. Observar a lista de ingredientes de cada produto ainda é indispensável para entender melhor cada alimento e poder comparar as opções antes da compra. Não basta ter quantidades reduzidas de gordura saturada, açúcar e sódio para ser saudável.

Outra mudança importante do novo sistema de rotulagem é a separação do açúcar do total de carboidratos oferecidos, algo que já é padrão nos EUA há anos. Na nova proposta brasileira, a informação do açúcar adicional aparecerá em separado. O diabético precisa ter conhecimento sobre a quantidade de açúcar adicionado a um produto. É mais um avanço, mas existem produtos que não teriam qualquer alerta e nem por isso são indicados, como os refrigerantes dietéticos.

A importância de alertas sobre o açúcar, gordura saturada e sódio vem do impacto que eles podem ter sobre a saúde, especialmente em um tratamento de hipertensão arterial. Controlar o sódio é indispensável para controlar a pressão. Se existe colesterol elevado, a gordura saturada deve ser controlada. São informações que precisam ser claras, facilmente localizáveis na embalagem. Os selos de alerta cumprem parte dessa função.

O problema dos alimentos industrializados mora exatamente nas poucas fibras e nas grandes quantidades de açúcar, sal e gordura saturada. Existem produtos industrializados saudáveis, importantes para uma boa dieta e para facilitar a vida na cozinha, que possuem baixo processamento. Os ultraprocessados é que são o grande obstáculo para uma boa alimentação, porque costumam incluir grandes quantidades de sódio, açúcar, gordura saturada ou antioxidantes, estabilizantes e conservantes. São os alimentos que incluem substâncias de produção que não costumam ser parte do processo normal de cozinhar. 

Por isso a  recomendação de sempre é o aumento do consumo de alimentos in natura e a redução dos industrializados. Precisamos ampliar o consumo para os alimentos in natura para além dos 15% atuais, o que mostra que consumimos 85% de produtos industrializados. Cuidar melhor da saúde passa por essa mudança. E sempre que formos comprar alimentos industrializados, vale a atenção para a interpretação dos rótulos, que agora será facilitada pelos alertas e pelas outras mudanças. Para auxiliar nisso, o aplicativo Escolha Certa, para Android e iPhone, é uma excelente ferramenta gratuita à sua disposição.